sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Uma noite no cemitério.

Era um dia de sol, sem nada pra fazer Daiane , mais conhecida como Dai, se junta com Pedro e Felipe, seus amigos que moram na mesma rua, para ficar embaixo de uma árvore jogando conversa fora numa tarde de verão, estavam de férias da escola. Dai tinha 15 anos, Pedro e Felipe também. Em uma pacata cidade do interior do Rio Grande do sul chamada Feliz, é, realmente o nome escondia a tristeza e o medo que realmente habitava a localidade.
 Estava muito quente, ao contrário do que muitos pensam, no RS faz mais calor no verão as vezes mais do que em outras partes do país. O calor deixava um clima exaustivo entre eles, uma brisa leve fazia os cabelos longos, negros e lisos de Dai balançarem, ela era uma menina um pouco incomum na cidade, já que todos eram descendentes diretos de alemães ou italianos. Dai tinha uma pele bronzeada, pois havia passado o natal e ano novo em Tramandaí, mas não era só pelo fato de estar bronzeada que chamava a atenção, ela tinha uma estatura um tanto baixa em relação às outras meninas, pois não tinha como descendência alemã. Pedro também era moreno, alto pra sua idade, tinha um estilo skatista, largado, o que o diferenciava de Felipe, era um rapaz muito estudioso, este era loiro. Os três eram amigos desde a infância, nunca se separaram por nada nesse mundo. As horas passavam e eles ali, com um enorme tédio os assombrando. Eram 16:30, o sol já estava baixo, quando aliviados, tiveram uma ideia para quebrar esse tédio.
- Vamos nos reunir na casa da Patrícia, soube que os pais dela foram a Porto Alegre visitar sua avó, e ela ficou sozinha com a sua prima, pois a viagem foi de emergência. - Disse Pedro com um tom de gênio do momento.
- Boa ideia, se não fosse pelo fato de eu estar de castigo desde semana passada, meus pais mal me aliviaram para vir aqui tomar um ar com vocês, estou me sentindo confinado nessa cidade. - Retrucou Felipe, frustrado.
- Felipe, e se você dissesse que iria dormir na casa do pedro pros seus pais? Eles confiam o bastante nos pais dele. -Interferiu Dai, tentando achar uma solução para todo aquele tédio.
- Isso nós vamos ver agora. - Falou Felipe, sacando seu celular do bolso e discando o número de seu pai. - Pai? Alô? Eu queria ver com o senhor, se eu podia dormir na casa do Pedro essa noite, já que você e a mamãe vão sair pra jantar, eu não queria ficar sozinho. - Felipe era filho único, e sabia como o "jantar romântico" de reconciliação de seus pais iria demorar, poderiam voltar muito tarde.
  Após um tempo de tentativas de fazer seu pai aceitar a ideia, Felipe desligou o celular e olhou para Pedro e Dai, que nessa hora já estavam muito apreensivos  - Pessoal... - exclamou Felipe desiludido - ele deixou! - Falou rindo da expressão de desgosto dos seus amigos, que queriam matar ele a esse ponto da conversa. Felipe, Pedro e Dai foram para suas respectivas casas se arrumar para passar a noite fora, Pedro e Dai, não precisaram mentir, pois já eram bem livres para poder sair a noite, pois seus pais sabiam que como a cidade era pequena, não haveria perigo de serem assaltados.
 Por volta das 21:00, Pedro, Dai e Felipe se encontraram na praça de sua cidade, que era tida como ponto de encontro dos jovens e foram rumo a casa de Patrícia. Chegando lá bateram na porta, pois não tinham avisado a ela que iriam lá. Tocaram a campainha umas três vezes, as tentativas foram inúteis pois ninguém apareceu para os atender. Pedro e Felipe sentaram-se nos degraus que havia na frente da porta de Patricia, enquanto Dai continuava tentando chamar a amiga. 
- Já chega, eu vou ligar para o celular dela! - Falou Pedro com indignação em sua voz. Pegou seu celular e imediatamente procurou o número de patrícia em sua agenda. Logo ela atendeu e informou a eles que não estava em casa, fora passar a noite na casa de sua prima, Cecília, e convidou eles a participar de uma pequena reunião de amigos que havia lá.
 Os três amigos, agora com um destino certo, partiram para casa de Cecília, também a conheciam, porém só de vista. Chegando lá, Patricia esperou eles na esquina, pois não sabiam muito bem onde Cecília morava. 
- Desculpe o inconveniente, não sabia que vocês iam lá em casa hoje. - Desculpou-se Patricia. - Mas eu prometo que vocês não vão se arrepender de ter vindo pra cá. - Conversando os amigos rumaram para casa de Cecília onde estavam ela, Patrícia e João, comendo uma bela pizza e bebendo uma garrafa de Vodka com energético.  - Nossa Dai, como você está bonita, se soubesse que viria, teria lhe trazido uma caixa de bombons como havia lhe prometido. - Disse João, pois havia sido um cara com quem Dai, teve um encontro uma vez. Ela o achara repugnante e insuportável, pois queria a todo custo levar a garota para a cama. - Ah, não faz mal - Falou Dai com um sorriso irônico, pois quem ela gostava mesmo era de Pedro, mas o mesmo nunca percebeu.
  As horas passaram, já era 2 horas da manhã. Fartos de pizza e brigadeiro e vodka com energético, estavam sentados no sofá da sala de Cecília conversando quando Felipe lembrou de uma lenda local e decidiu comentar. - Vocês se lembram daquela lenda, em que um homem matou a mulher com golpes de machado, e depois tomou veneno de rato e morreu em cima do corpo da esposa falecida? - Seus amigos acharam aquilo uma besteira, mas gostaram da ideia de contar histórias de terror naquela noite, sozinhos.
- Dizem que seus parentes os enterraram juntos, e os espíritos ficaram enraivecidos com a atitude, com isso, não conseguiram descansar em paz. - Continuou Felipe.  - Mas é apenas uma lenda local, eles nem se quer existiram! - Falou Cecília debochando da situação e da cara de seus outros amigos, que nessa altura da conversa já estavam apavorados. - O nome deles era Reinaldo e Matilde Shawn, se você duvida, então porque não vamos até a biblioteca municipal que eu te mostro os dados deles no mortuário da cidade? - Falou Felipe bravo. - Se acalmem pessoal por favor, não vamos brigar agora - Disse Dai, tentando acalmar os ânimos de seus amigos. - Você tá pensando que eu vou ficar sentada horas e horas, procurando arquivos de gente morta? Porque não vamos logo ao cemitério procurar a lápide deles? - Retrucou Cecília ironicamente. -N...Não sei se a lápide deles tá lá ainda, essa história é muito antiga! - Gaguejou Felipe, com medo só de pensar em estar naquele lugar a noite.O outros amigos de entreolharam, minutos depois estavam de acordo a viver aquela aventura para descobrir uma verdade inconveniente sobre sua cidade.
  Cecília e Patrícia foram até a garagem pegar lanternas para a busca.  - Vocês tem mesmo que matar essa curiosidade 3 horas da manha? - Perguntou Pedro inseguro. - Vamos Pedro vai ser  legal, nunca fizemos nada igual, é diferente, sem contar a adrenalina que vamos sentir - Falou Dai acalmando mais pedro.
 Já com as lanternas em mãos, o grupo tomou rumo ao único cemitério que havia na cidade. Chegando lá, notaram o quão grande o cemitério era e decidiram se dividir em duplas, para ser mais ágil a procura.
 Cecília e Dai:
- Não acredito em nenhuma besteira que sai da boca daquele idiota do Felipe, ele não passa de um nerd nojento. 
-Não fala assim Ceci - Falou Dai. - Aquele imbecil do João, se eu soubesse que ele estaria lá com vocês, não tinha nem ido! - Ao Falar isso Cecília nota que um vulto preto correra atrás de Dai. - O que foi Ceci? Porque essa cara de quem viu o diabo? - Os olhos de Dai correram por cima dos ombros de Cecília, sua cara pálida não escondia seu medo de alguma coisa que teria visto atrás dela - Anda Ceci, Fala de uma vez, eu estou ficando com medo também! - Dai olhou fundo nos olhos de Cecília e de repente avistou uma figura, muito longe dali, era pálida, tinha os olhos negros, vestia um terno preto com camisa branca e gravata preta, sapatos bem lustrados, tinha em média uns 60 anos, a calvice já tomara conta da cabeça daquele homem, ele olhava fixamente para as duas meninas conversativas. - Ceci, você tá vendo aquele homem atrás de você? - Falou Dai com um tom de dúvida no ar.  - Que homem? - Quando se virou o homem tinha sumido, Dai ficou horrorizada - Meu deus, eu juro por deus que vi um homem branco de terno preto atrás de você! - Falou Dai suando frio.
 João e Felipe:
Tá ficando frio aqui né? - Disse João 
Realmente, estou sentindo uns calafrios também, acho que é este lugar - Respondeu Felipe, apavorado como sempre.
Olhe Felipe, quem morreu aqui era uma criança, devia ter uns 3 anos, Anne Mackenzie e olhe, Victor Mackenzie, deviam ser irmãos - Disse Felipe intrigado. João nesse momento vê de longe duas crianças, um menino e uma menina, a menina vestia um vestido listrado branco e rosa, com um laço na cabeça, e o menino um short listrado branco e azul,o  com uma camisa simples listrada também das mesmas cores, o que dava a impressão daquelas roupas serem MUITO antigas.A s crianças estavam de mãos dadas sem nenhuma expressão facial, estavam só olhando de longe. - E deviam ser irmãos gêmeos, olha lá adiante. - Falou João Apontando para o horizonte, onde se encontravam as duas crianças. - Nossa, isso é inacreditável! - Disse Felipe. Os dois seguiram em direção às crianças, para tirar a prova de que aquilo era real. Ao chegarem mais perto, perceberam que as crianças soltavam as mãos e caminhavam em sentido à uma floresta que havia atrás do cemitério. O mato era muito fechado, portanto era impossível alguém entrar ali, ainda mais a noite, havia muitos animais, cobras, talvez até animais maiores. As crianças haviam finalmente sumido quando escutaram um grito, o que parecia ser de um dos integrantes do grupo e foram em direção ao grupo.
 Pedro e Patrícia:
É aqui, achamos! "Reinaldo e Matilde Shawn" - Falou Patrícia apontando para dois túmulos cujo as lápides estavam meio apagadas - Meu deus, isso é muito antigo "Reinaldo Shawn 28 de Janeiro de 1802-10 de outubro de 1835" e "Matilde Shawn 15 de maio de 1804-10 de outubro de 1835", eles eram realmente muito novos - Exclamou Patrícia impressionada. Nesse momento Patrícia e pedro estavam um do lado do outro, quando começaram a ouvir barulho de passos sobre as folhas secas que haviam caídas no chão, era como se alguém estivesse com uma bota pisando nelas, Pedro e Patrícia se entreolharam apavorados. Pedro suava frio. Aqueles passos começaram a se aproximar cada vez mais deles, que sem conseguir enxergar o que lhes perseguia, só conseguiam morrer de medo. A pessoa que estava atrás deles chegou perto o bastante para que Pedro e Patrícia pudessem sentir sua respiração quente nos seus pescoços que nessa hora se arrepiaram de medo e terror. Eles abaixaram a cabeça e fecharam seus olhos, rezando para que esse pesadelo passasse logo. Quando levantaram a cabeça viram a imagem de uma mulher, pálida demais, vestida em um vestido branco, o que parecia ser uma camisola de época, muito antiga mesmo. Nesse momento não conseguiram fazer nada, ficaram parados ali olhando apavorados aquela mulher que os observava e abria um sorriso extremamente assustador. De longe João e Felipe puderam ver o que estava acontecendo e correram em direção deles, o grito que haviam escutado, simplesmente não aconteceu, enquanto corriam em suas direções notaram a presença de muitas pessoas em volta das lápides os acompanhando com o olhar, isso deu mais força para conseguirem correr. Cecília e Dai notaram a agitação do local, com o balanço das lanternas e João e Felipe correndo desesperados, naqueles cemitério enorme e decidiram correr para onde eles estavam, tinham certeza de que algo de muito mal estava ocupando aquele local. Passara das 5:30 da manhã podiam ver o céu clareando, pois no verão amanhece mais cedo nos pampas gaúcho. Ao se encontrarem o homem e a mulher que perseguiam Pedro e Patrícia sumira.
- Vamos sair daqui - Disse Pedro apontando a lanterna para o horizonte, onde já não podia ver mais ninguém, só uma forte neblina que vinha com o amanhecer.
    Os seis amigos voltaram para a casa de Cecília. 
- Enfim, não ficamos sabendo, vocês acharam a tal lápide? - Disse João curioso. - Infelizmente encontramos João, Era muito antiga mesmo como Felipe havia dito - Falou Pedro.
 Quando chegaram na casa de Cecília Dai e Patrícia fizeram o café da manhã para seus amigos, que contaram apavorados um para os outros o que cada dupla havia passado e visto naquela noite. João fora mexer no seu bolso para procurar o seu celular, pois não conseguiu achar só apalpando. Junto com o celular encontrou um bilhete com uma letra horrível, como se alguém tivesse escrito aqui com pressa, em um papel amarelo meio rasgado com os dizeres: 
 "Dúvidas se tiram na hora e no local certo, e agora vocês sabem muito bem o porquê"


História fictícia criada por mim.

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