quinta-feira, 18 de outubro de 2012

A ligação


Eliane, assim que recebeu o telefonema de Kátia, foi correndo para o apartamento da amiga. Ao chegar tocou a campainha e foi recebida por Gustavo. Cumprimentaram-se com beijos no rosto e Eliane recebeu um abraço bastante apertado.
- Obrigada mesmo, Eliane.
- Ora, Gustavo, não precisa agradecer.
- Preciso sim, Você tem se mostrado uma pessoa extremante do bem. Depois de tudo o que aconteceu você ainda se dispõe a nos ajudar neste momento...
- Combinamos que seríamos amigos, lembra? Então, os amigos são para essas coisas!
Gustavo olhou para o rosto de Eliane e emocionou-se. Ela era, sem duvida, um ser humano extraordinário.
- Kátia está lá dentro e eu já estou atrasado para o trabalho.
- Ok. Vá com Deus e qualquer coisa, avisaremos a você.
Já no quarto, Kátia estava próxima à cama de seu filho, Luan.
- Ele está bem? – Eliane disse baixinho para não acordar a criança.
- Ah, Eli, obrigada por ter vindo. Ele teve outra crise de dor e eu não soube o que fazer. De repente, após eu ter te ligado, ele parou de gritar e dormiu. Dessa vez não expeliu sangue.
- Então vamos deixa-lo em paz. Que tal um café?
As duas saíram do quarto e foram para a cozinha preparar um café fresco e conversar. Kátia precisava desabafar, estava sob muita pressão nestes últimos dias e Eliane estava sendo como uma verdadeira irmã para ela.
- Sabe, Eliane, me sinto muito envergonhada quando olho para você. Achei que quando Gustavo lhe contasse tudo seríamos eternas rivais, pensei que você me odiaria para todo o sempre...
- Olha, Kátia, não vou negar que fiquei emputecida quando soube. Afinal, o casamento estava marcado e os preparativos prontos. Deu um trabalhão cancelar tudo e ainda estou com processo na justiça devido à quebra de alguns contratos. Mas o coração é terra que ninguém pisa e o Luanzinho não tinha culpa de nada. Se quiser saber mesmo a verdade eu achei o máximo a decisão do Gustavo!
- Como assim, Eliane? Ele era seu noivo e tinha um relacionamento comigo!
- Eu sei. Mas ele não conseguia mais ficar longe do filho e, por isso tomou a decisão certa. O Luan precisava do pai por perto, é muito pequenino, completou dois aninhos, tadinho...
- É, eu sei. Mas desde que ele resolveu assumir a mim e ao filho a saúde do Luan caiu. E essas crises, meu Deus? Não entendo...
- Calma, Kátia! Os médicos vão descobrir o que está acontecendo com ele. Tenha fé!
- Essa situação já se estende por seis meses. – Kátia já estava em lágrimas – Acho que é castigo por ter me metido com homem de outra. Não sei quanto tempo mais podemos suportar.
- Não chore, querida. – Eliane abraçou sua amiga – Tudo ficará bem e aguentaremos o tempo que for preciso.
- Já sei que seu apoio é incondicional, Eli, mas e o Gustavo? Quando ele te deixou e viemos morar juntos, tivemos apenas três meses de alegria e felicidade, como um casal normal. Desde que o menino ficou doente e as crises foram se tornando mais frequentes, não temos mais nos entendido bem. Há meses não fazemos amor e ele tem passado tempo demais no trabalho.
- Não pense besteiras, Kátia. O Gustavo está estressado e sente impotente diante da doença do filho. Não o julgue achando que ele a está enganando...
- Mas ele fez isso com você...
- Sim, mas neste momento é só no Luan que Gustavo está pensando.
- Ás vezes eu penso que não deveria ter tido o Luan. Deveria ter deixado o Gustavo viver em paz com você, eu o pressionei muito para que assumisse a paternidade.
- Não se arrependa de ter tido o menino, Kátia. Ele é uma benção!
Eliane ficou mais um pouco no apartamento de Kátia e depois foi embora.
Ao fim daquela tarde, seu telefone celular tocou e era Gustavo.
- Acabei de falar com a Kátia e o Luan está calmo, sem dores. Meu filho tem sofrido muito, Eliane!
- Eu sei, mas vocês dois podem contar comigo para o que for preciso.
- Ah, como me arrependo de ter feito tudo o que fiz! Eu acho que é castigo de Deus por tê-la magoado, sabe? Não se pode ferir um anjo... Eu juro, por tudo que é mais sagrado, que se meu filho se curar eu me separo da Kátia para fazer as coisas certas. – Após o silêncio ele prosseguiu- Se você ainda me quiser, eu me separo da Kátia e me caso com você.
- Só o aceitarei de volta se você ainda me amar e jamais por um juramento seu desesperado.
- Mas eu te amo, Eliane! Por tudo o que foi e está sendo para mim. Depois de tudo o que aconteceu, me perdoou, ficou amiga de minha amante e ainda usa seus conhecimentos de enfermagem para cuidar do meu filho. Nunca encontrarei outra mulher como você, nunca! 
Conversaram mais um pouco. Quando desligou o telefone. Eliane tinha uma expressão diferente em seu rosto, uma expressão de vitória e satisfação.Foi até seu quarto e abriu o guarda roupas, tirou de lá uma caixa pequena e negra. De dentro da caixa tirou um bonequinho também pequeno, até lembrava uma criança, e começou a retirar as agulhas que estavam  fincadas no boneco. Uma a uma...
Fonte: Sobrenatural.org

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