sábado, 28 de março de 2015

Smile.jpg

“Eu me encontrei pessoalmente com Mary E. no verão de 2007. Tinha combinado com
Terence, seu marido há quinze anos, de vê-la para uma entrevista. Mary inicialmente havia
aceitado, já que eu não era um jornalista, mas sim um escritor amador coletando informações
para alguns trabalhos de faculdade e, de acordo com o plano, algumas peças da ficção.
Marcamos a entrevista para um final de semana quando eu estava em Chicago, mas no último
momento Mary mudou de ideia e se trancou no quarto do casal, recusando-se a me encontrar.
[leiamais]
Durante meia hora, fiquei acompanhada com o Terence do lado de fora, escutando e tomando
notas enquanto ele tentava, inutilmente, acalmar sua mulher. As coisas que Mary dizia faziam
pouco sentido, mas se encaixavam no que eu estava esperando: embora eu não pudesse
vê-la, eu podia dizer a partir de sua voz que ela estava chorando, e muitas de suas objeções
para conversar comigo estavam centradas em uma diatribe incoerente em seus sonhos - ou
pesadelos.

Em 2005, quando eu estava no segundo ano, Smile.jpg me chamou a atenção pelo meu
interesse crescente em fenômenos da web; Mary foi a vítima mais citada do que é referido
como "Smile.dog", como ficou a reputação do Smile.jpg.

O que despertou meu interesse (além dos óbvios elementos macabros da cyber-lenda e
minha tendência para essas coisas) era a pura falta de informação, já que normalmente as
pessoas não acreditam que isso exista e que não passam de um boato. É única porque, apesar
dos fenômenos inteiros centrarem em um arquivo de imagem, esse arquivo não pode ser
encontrado na internet; certamente é uma daquelas fotos manipuladas, que aparecem com
maior frequência em sites como o image-board 4chan, especialmente o board /x/, focado em
atividades paranormais.

Suspeita-se que sejam falsos, porque eles não têm o efeito que o Smile.jpg verdadeiro teria,
ou seja, epilepsia do lobo temporal e ansiedade aguda. Essas reações no espectador é um
dos motivos para a fantasmagoria do Smile.jpg ser vista como desdém, uma vez que isso
seja absurdo, embora a depender de quem você perguntar, a relutância em reconhecer a
existência do Smile.jpg possa envolver medo, não descrença.

Nem Smile.jpg, nem Smile.dog é mencionado em qualquer lugar na Wikipédia, embora
o site apresente artigos sobre outros, talvez shocksites mais escandalosos como gotse
(hello.jpg) ou 2girls1cup; ou qualquer tentativa de criar uma página referente ao Smile.jpg seja
sumariamente excluída por um dos muitos administradores da enciclopédia.

Encontros com Smile.jpg são uma lenda da internet. A história de Mary E. não é única;
existem rumores não confirmados do Smile.jpg aparecendo nos primeiros dias em grupos de
discussões e até mesmo num conto persistente que, em 2002, um hacker inundou o fórum
de humor e sátira Something Awful com imagens do Smile.dog, fazendo com que todos os
usuários do fórum entrassem em epilepsia. Diz-se também que, em meados dos anos 90,
Smile.jpg circulou em um grupo de discussões como um anexo de e-mail corrente com o

assunto "SORRIA!! DEUS AMA VOCÊ!".

Mas, apesar da enorme exposição que golpes publicitários geraram, poucas pessoas
confessaram ter qualquer experiência e nenhum vestígio de arquivos ou links foi descoberto.
Aqueles que afirmaram terem visto Smile.jpg inúmeras vezes davam a desculpa de estarem
ocupados demais para salvar uma cópia da imagem em seu disco rígido.

No entanto, todas as supostas vítimas ofereceram a mesma descrição da foto: uma
criatura canina (geralmente descrita como um Husky Siberiano), iluminado pelo flash da
câmera, fica em uma sala escura. O único detalhe visível no fundo é uma mão humana se
estendendo na escuridão perto do lado esquerdo. A mão está vazia, mas geralmente é descrita
como "acenando". Naturalmente, a maior atenção é dada ao cachorro (ou criatura canina,
como algumas vítimas estão mais certas de terem visto). O focinho da besta é supostamente
dividido em um largo sorriso, revelando duas fileiras de dentes brancos, fortes e de aparência
humana. Esta não é, naturalmente, uma descrição dada imediatamente após ver a imagem,
mas uma recordação das vítimas, que alegam ter visto a imagem infinitamente em sua mente.
Na realidade, depois de terem ataques epilépticos.

Esses relatos continuaram, muitas vezes enquanto as vítimas dormiam, resultavam em
pesadelos nítidos e perturbadores. Estes podem ser tratados com medicamentos, embora
em alguns casos sejam mais eficaz que outros. Mary E., eu supus, não estava usando
medicamentos.

Foi por isso que, depois da minha visita em seu apartamento em 2007, eu enviei notícia a
websites, listas de discussões e newgroups voltados a folclores e lendas urbanas na esperança
de encontrar o nome de uma suposta vítima de Smile.jpg que sentisse mais interessada em
conversar sobre suas experiências. Por um tempo, nada aconteceu e eu finalmente esqueci
sobre minhas buscas, desde que eu tinha começado o meu primeiro ano na faculdade e estava
muito ocupado. No entanto, Mary entrou em contato comigo por e-mail, no começo de Março
de 2008.

Para: jml@****.com
De: marye@****.net
Ass: Entrevista do último verão

Querido Senhor L.,

Estou incrivelmente desapontada sobre o meu comportamento no verão
passado, quando você veio me entrevistar. Espero que você entenda que
não era culpa sua, mas sim dos meus próprios problemas que me levaram
a agir daquela forma. Eu percebi que poderia ter lidado melhor com a
situação, no entanto, espero que me perdoe. Na época, eu estava com
medo.

Você vê, por 15 anos eu sou assombrada pelo Smile.jpg. O Smile.dog vem
a mim todas as noites, em meus sonhos. Sei que parece bobagem, mas é
verdade. Há uma qualidade inefável sobre meus sonhos, meus pesadelos,
que os torna completamente diferente de qualquer sonho real que eu

já tive. Eu não posso me mover e não posso falar. Eu só posso olhar
para frente, e a única coisa em minha frente é a cena daquela imagem
horrível. Eu vejo a mão acenando, e vejo Smile.dog. Ele fala para mim.

Eu pensei por muito tempo sobre minhas opções. Eu poderia mostrá-
lo a um estranho, um colega de trabalho... Eu poderia mostrá-lo para
o Terence, mas a ideia me repugnava. E o que aconteceria? Bem, se
Smile.dog mantivesse sua palavra, eu conseguiria dormir. No entanto,
se ele mentisse, o que eu faria? E quem iria me garantir que não
aconteceria algo pior, se eu fizesse como a criatura pediu?
Então, eu não fiz nada por 15 anos, embora mantivesse o disquete
escondido entre minhas coisas. Todas as noites, durante 15 anos,
Smile.dog veio para mim em meus sonhos e pediu para eu espalhar a
palavra. Por 15 anos, eu estava forte, embora tenha tido momentos
difíceis. Muitos dos meus colegas vítimas do board BBS - onde
encontrei Smile.jpg pela primeira vez - pararam de postar; ouvi que
alguns deles cometeram suicídio. Outros permaneceram em silêncio,
simplesmente desaparecendo da web. São estes com quem eu me preocupo
mais. Eu espero sinceramente que você me perdoe, Sr. L, mas no verão
passado quando você contatou a mim e meu marido sobre a entrevista eu
estava quase perdendo a cabeça. Eu ia te dar o disquete. Eu não me
preocupava se o Smile.dog estava mentindo ou não, eu só queria que
acabasse. Você era um desconhecido, alguém que eu não conhecia, e eu
pensei que eu não me sentiria culpada quando você levasse o disquete
como parte de sua pesquisa e selasse seu destino. Mas antes que
você chegasse eu compreendi o que estava fazendo: estava planejando
arruinar a sua vida.
Eu não podia fazer isso. Estou envergonhada, Sr. L, e espero que esse
aviso possa fazê-lo desistir de encontrar Smile.dog. Com o tempo você
pode encontrar alguém se não mais fraco do que eu, mais depravado,
alguém que não hesitará em seguir as ordens de Smile.dog.
Pare enquanto ainda é tempo.

Sinceramente,
Mary E.

Mais tarde naquele mesmo mês Terence me informou que sua esposa havia se matado. Enquanto
limpava as várias coisas que ela havia deixado, fechando contas de email e coisas do tipo, ele encontrou
a mensagem escrita acima. O homem pedia desesperadamente que eu ouvisse o aviso de sua mulher.
Ele me contou que encontrou o disquete e o queimou até que se tornasse apenas um monte de plástico
derretido. O que mais me intrigou, no entanto, foi ele ter dito que a pilha tomou a forma de algum
animal. Admito que me faltaram palavras. No começo achei que o casal talvez estivesse fazendo algum
tipo de piada comigo. Mas uma rápida olhada nos obituários dos jornais de Chicago me provou que era
verdade. Mary E. estava morta. O artigo, no entanto, não citava suicídio.
Então decidi não perseguir mais smile.dog, pelo menos por enquanto, já que meus exames de meio de
ano estavam se aproximando. Mas a vida tem maneiras estranhas de nos testar. Quase um ano depois
de meu encontro com Mary E., eu recebo outro e-mail:

Para: jml@****.com
De: elzahir82@****.com

Ass: smile

Olá

Encontrei seu e-mail num fórum e seu perfil dizia que você está
interessado no Smile.dog. Eu já o vi e não é tão assustador como todos
dizem. Estou lhe enviando em anexo. Apenas espalhando a palavra.

: )

A última linha me deixou arrepiado.
Havia um arquivo em anexo: smile.jpeg. Fiquei indagando em abri-lo por algum tempo.
Certamente deveria ser um fake, e mesmo que não fosse eu ainda não estava convencido do
poder da imagem. A morte de Mary E. me assustou, é verdade, mas preferi acreditar que ela
tinha algum tipo de distúrbio mental. E além disso, como poderia uma simples imagem ser
capaz de fazer aquilo? Que tipo de criatura seria essa capaz de levar alguém à loucura somente
com o olhar?
Certamente um absurdo. Mas e se os avisos de Mary fossem verdadeiros? E se smile.dog
entrasse em meus sonhos exigindo que eu espalhasse a palavra? Eu conseguiria ser tão
forte como Mary, me recusando a colaborar até o último minuto de minha vida? Ou eu
simplesmente espalharia a mensagem na esperança de ser poupado? E pra quem eu teria
coragem de mostrá-la?
Se eu continuasse com o meu projeto original de escrever um pequeno artigo sobre smile.dog,
eu poderia anexar a imagem a ele. E qualquer outra pessoa que lesse o artigo seria também
afetada.
Mas se o smile.dog anexado no e-mail for genuíno, seria correto me salvar dessa maneira?”

Mary E. era a administradora de sistema de um pequeno BBS em Chicago em 1992 quando
encontrou pela primeira vez o Smile.jpg, que mudou sua vida para sempre. Ela e Terence
estavam casados há apenas cinco meses. Mary foi uma das 400 pessoas que dizem ter visto a
imagem quando foi postada em hiperlink no BSS, embora seja a única que falou abertamente
sobre a experiência. O restante das pessoas permaneceram no anonimato, ou talvez mortas.

Arquivo smile.jpg

sábado, 26 de julho de 2014

Criatura estranha em hospital

Essa foto foi tirada do monitor de visualização de uma equipe de enfermagem. Nela, aparece uma criatura negra em cima do paciente que veio a falecer algumas horas depois que a foto foi registrada.


fonte: Fatos desconhecidos (facebook)

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Estranho Visitante

Olá Paranormais!
  Desculpem o tempo sumido, eu estou realmente ficando louco fazendo tantas coisas ao mesmo tempo.
  Bom o que eu tenho para relatar aqui não é nada fácil dizer...eu não durmo por várias noites pensando no que aconteceu. Talvez por pessimismo, mas eu não levo essas coisas na "brincadeira". Todos sabem que eu sou fanático por filme de terror e histórias em geral mas o que eu tenho pra contar não é nenhuma ficção. 
  Algumas semanas atrás, eu cheguei em casa após o serviço cansado, após jantar e tomar banho deitei em minha cama para tentar descansar quando  entrei em um sono profundo e acordei assustado. Lembro que meu quarto estava muito escuro mais do que o normal e a porta estava aberta (coisa que é teoricamente impossível de acontecer pois sempre me certifico de que ela está fechada antes mesmo de deitar), com a visão embaralhada eu esfreguei meus olhos e pude perceber uma estranha claridade vindo da minha janela (que no momento estava fechada) nesse instante eu pensei: "Como pode haver claridade se a minha janela tem a bela visão de um muro sem possibilidade de refletir nem a luz de um poste?!" logo depois em questão de segundos eu percebo a presença de um homem alto com um tipo de ombreiras em seu casaco, ele estava em frente a janela de modo que eu só conseguisse ver sua sombra.Ele estava parado ali me analisando e cuidando cada movimento meu, como se já estivesse me assistindo dormir por horas. Sem conseguir falar nada eu fiquei em estado de choque, não conseguia me mexer e a primeira coisa que veio a minha cabeça no momento foi jogar o cobertor sobre o rosto e adormeci novamente (não sei como). Não tenho certeza se aquilo foi um sonho, mas realmente eu achei estranho demais tudo isso. Passando alguns dias  sem esquecer do fato, é claro, me vejo sozinho em casa. Meus familiares haviam saído rapidamente quando sou acordado com meu cachorro rosnando para o nada em direção a porta. Ele ficou agindo assim por mais ou menos uns 15 minutos. 
Pessoal isso é muito recente, eu não sei quem ele é ou o que quer de mim mas tenho certeza que eu vou ter muito mais histórias particulares para trazer para vocês.
Aguardem...
 
 

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Creepy Dolls


Na ficção, brinquedos assassinos ou Creepy Dolls, como também são conhecidos são brinquedos para crianças que ganham vida e passam a cometer atos violentos. 

O conceito de brinquedos que vêm a vida é um conceito comum e histórico na literatura infantil, e a idéia foi adaptada em inúmeros filmes de terror e ficção, horror, entre outros. 

A Magia, filme de 1978 representa uma inspiração fundamental para filmes posteriores, enquanto atualmente temos os filmes mais conhecidos do subgênero, como exemplo: Brinquedo Assassino que conta a história de uma criança com seu boneco malígno, o Chucky.




terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

O Porão

Eu não costumo fazer isso, mas eu achei que eu provavelmente deveria, apenas no caso de pedirem mais alguma evidência ou algo assim. Meu nome é Graham Luciani. Eu tenho 28 anos, vivendo sozinho em minha casa de infância. 

Eu a herdei há vários anos após tanto a minha mãe quanto meu pai falecerem. Separadamente, é claro. Minha mãe morreu primeiro, e um par de anos mais tarde, o meu pai morreu e deixou o lugar para mim. Às vezes pode ser muito difícil viver lá. Eu sou o mais novo de oito filhos, então você pode imaginar o quão grande a casa teria que ser para acomodar tantas pessoas. 

A solidão é, às vezes, enlouquecedora, e não ajuda o fato de que o meu trabalho consiste em me sentar sozinho em uma sala inserindo números em um computador. Nenhuma interação humana também. Quando eu herdei a casa, não estava particularmente em condições habitáveis. Eu não sei como meus pais tinham conseguido. Janelas foram tapadas, o jardim estava abandonado, e o interior da casa era só poeira e sujeira de negligência.




Após cerca de uma semana mais ou menos, eu consegui fazer o lugar parecer bastante decente, mas depois de um tempo, o enorme tamanho da casa apenas provou ser demais para eu lidar e cuidar. Eu decidi que em vez de vendê-la e me mudar, eu deveria converter a casa em duas casas geminadas menores e alugar uma delas. Eu não teria que limpar tanto, e eu seria capaz de coletar dinheiro do aluguel de quem se mudasse. Assim as renovações se pagariam em pouco tempo. Parecia ideal. 

Na cidade onde eu moro, antes de fazer grandes modificações no seu lote de qualquer maneira (assentar uma piscina, demolição, ampliação de edifícios, etc), você tem que primeiro visitar a Câmara Municipal, discutir os seus planos, e pedir permissão. Na maioria das vezes é muito direto e simples. Aparentemente, entretanto não foi o meu caso. Eu visitei a Câmara Municipal depois de fazer uma consulta com um Sr. Alan Carter, que era o atual Supervisor de Lotes e Desenvolvimento na época. Sentei-me em seu escritório, e depois de discutir minha idéia para transformar a minha casa em duas casas geminadas, ele usou o seu interfone para pedir que alguém recolhesse as plantas da minha casa da sala de registros para que eu pudesse explicar com clareza exatamente sobre o que eu estava falando, e o que eu pretendia fazer. Depois de alguns minutos de conversa menor, uma moça bastante atraente entrou na sala carregando um pedaço de papel A3 enrolado. Ela entregou-o ao Sr. Carter, e depois de me sorrir, ela saiu e não voltou. 

Tudo estava indo bem, até que o Sr. Carter mostrou-me as plantas. Eu nem sequer a vi no início, mas depois de algum tempo, percebi que parecia haver uma porta que levava a uma pequena sala com um conjunto de escadas no que era na época, minha cozinha. Eu apontei para Carter, e ele me deu um olhar estranho. "Sr. Luciani, isso parece ser uma escada de porão." Fiquei surpreso. Eu tinha vivido nesta casa há quase 20 anos ao todo (nasci, saí de casa e voltei de novo) e eu nunca soube nenhuma vez sobre qualquer porão. Perguntei a Alan Carter se eu poderia levar os projetos comigo para casa para investigar a recém-descoberta área, mas ele se recusou, dizendo que ele não podia me deixar sair do edifício com o original. Ele no entanto me deu uma cópia. 

Quando voltei para casa naquela noite, fiz uma xícara de café, peguei uma lanterna e dei uma olhada ao redor da minha cozinha em torno da área onde a suposta porta estava. Mamãe e papai tinham colocado o papel de parede da cozinha há muitos anos, e uma vez que ainda estava em tão boas condições, eu não tinha retirado durante a minha primeira sessão de decoração. 

Era uma coisa feia, amarelo com padrão floral, e agora que eu estava perto, correndo os dedos ao longo dele para encontrar algum sinal de recuo, eu meio que desejei que eu o tivesse rasgado antes. Depois de algum tempo vasculhando ao redor do papel de parede, eu realmente encontrei uma pequena área que parecia irregular. Agora relativamente animado para descobrir o que estava nessa nova sala, peguei uma faca de cozinha do escorredor de pia, e cortei fora a área de papel de parede. 

Depois de um tempo rasgando e cortando, eu finalmente arranquei a maior parte dele, revelando uma porta. Eu rasguei o resto. A porta parecia ser feita de uma madeira relativamente resistente, e não tinha maçaneta. Em vez disso, tinha uma depressão que me permitiu abrir a porta com um movimento deslizante, semelhante à forma como uma porta automática se abre em supermercados. A porta se abriu em um frio vazio. A julgar pela posição da porta, o cômodo estava sob o primeiro conjunto de escadas. Eu usei a lanterna para olhar ao redor. Não havia realmente nada de interessante sobre este lugar. 

Ou, pelo menos, não havia nada para indicar qualquer razão por que ele havia sido selado. Havia um cheiro estranho de sujeira e terra, e foi nesse momento que eu percebi, os meus pais devem ter sabido sobre este lugar, pois foram eles que decoraram a casa antes de eu nascer. Com a lanterna em uma das mãos, e a faca de cozinha na outra, eu entrei no cômodo. Com certeza, lá estava o conjunto de escadas. Ela levava para o que parecia ser um profundo, interminável abismo negro. 

Eu me perguntei se eu deveria me virar e ir embora, mas a idéia de ter esta área estranha e misteriosa aberta para mim , enquanto eu estaria dormindo no andar de cima era meio assustadora , e eu só queria dar uma olhada antes de eu fazer qualquer outra coisa. Desci as escadas. 

Meus passos eram incrivelmente altos contra as escadas de madeira, e conforme eu ia mais e mais fundo para o abismo, o ar tornou-se frio de gelar os ossos, e o cheiro de terra tornou-se mais forte. Eventualmente, cheguei ao fundo, e descobri que eu estava agora de pé não em madeira ou carpete, ou o que você esperaria em um porão, mas lama. A luz da lanterna revelou que eu estava agora em um corredor maciçamente longo. Cautelosamente, eu comecei a andar por ele. 

Eventualmente, me deparei com uma sala à minha esquerda, que era separada do corredor por uma fina, decadente cortina. Entrei, e fiquei horrorizado com o que vi. Dentro da sala, eu encontrei o que pareciam ser cadáveres humanos em decomposição. Cada um deles estava completamente dilacerado, e deixado em uma pilha irregular. Havia um cheiro de terra relativamente suave até agora, mas quando entrei na sala, o cheiro fétido de carne tinha me atingido. Eu imediatamente me senti enjoado, e tive que sair da sala por um minuto para recobrar os meus sentidos. Entrei em pânico. 

Eu estava prestes a voltar para cima para chamar a polícia, quando a curiosidade levou a melhor sobre mim. Dei um passo de volta para o quarto, e dei uma olhada melhor ao redor com a lanterna, enquanto usava a camisa para cobrir o nariz do fedor. Dentro da sala havia muitos itens estranhos que eu não esperava ver, dadas as circunstâncias. Havia um pequeno rádio quebrado em uma prateleira, vários pequenos ursos de pelúcia espalhados pelo chão, e um cavalo de balanço, que tinha sido completamente destruído. 

Inquietantemente, também vi uma cama de solteiro. Teria algum tipo de assassino doente vivido debaixo de mim esse tempo todo? Avistei um pequeno livro desgastado que estava aberto na prateleira ao lado do rádio, agarrei-o e saí de lá. A polícia poderia verificar onde mais o corredor levava. Eu queria dar o fora de lá antes que o que quer que tenha pegado aquelas pessoas voltasse. 

Assim que passei através da porta de correr, eu joguei o livro que eu encontrei sobre o balcão da cozinha e fechei a porta. Eu estava absolutamente aterrorizado que o que tinha matado todas aquelas pessoas de alguma forma voltasse e visse que eu tinha estado lá e viesse para cima de mim. No entanto não havia nenhuma maneira de eu bloquear a porta, e por isso decidi pegar o meu celular, chamar a polícia e sentar-me em frente à porta com a faca de cozinha. 

A polícia me disse que eles chegariam tão logo um oficial estivesse livre. Sentei-me na mesa da cozinha opostamente à porta recém-descoberta, e apertei o meu punho sobre a faca. Eventualmente, depois de alguns minutos, eu percebi o quão sujas minhas mãos e roupas estavam de ir lá para baixo, e me levantei para apenas lavar rapidamente minhas mãos sob a torneira. No entanto, avistei o livro que eu tinha trazido para cima. Eu peguei e dei uma olhada mais de perto. Ele era feito de couro desgastado, e parecia bem utilizado. Ele também era incrivelmente grosso. Eu o abri, e imediatamente fiquei confuso. 

Havia estranhas fotos infantis desenhadas de uma criatura estranha olhando e rabiscando que eu não entendia. Parecia ser um diário, porque havia datas em cada página, e ele parecia ser um diário especificamente de 1978. Durante todo o diário, as imagens desta estranha criatura, juntamente com dois outros rabiscos que pareciam vagamente humanos era um tema recorrente, e, ocasionalmente, eu vi a palavra "dUG" rabiscada nas páginas. Eu estava no meio de tentar decifrar uma dessas páginas, quando houve uma batida severa na minha porta da frente. Levantei-me, ainda segurando a faca de cozinha e atendi. Era a polícia finalmente. 

Eles vasculharam a casa, e me levaram para a delegacia. Uma das minhas preocupações era de que eles pensariam que eu tinha cometido algum tipo de série de assassinatos doentios, mas a polícia estava realmente muito de mente aberta, e uma vez que eu mostrei a eles o diário, me pediram para mantê-lo para investigação. É claro que eu deixei. 

Fui enviado para uma casa transitória policial até que a minha casa tivesse sido investigada, e quando me chamaram para a delegacia cerca de três dias depois, eles tinham alguma notícia para mim. Um policial um tanto rechonchudo, mas ainda assim austero (Oficial... Beeves?... Reeves? Eu acho?) Me informou que o corredor debaixo da minha casa levava a um pequeno galpão de eletricidade um tanto longe da minha casa, que havia sido arrombado – por dentro, há alguns anos atrás, e não tinha sido reparado. 

Ele me disse que alguém realmente estava vivendo naquele porão em minha casa, e depois de fazer algumas análises de DNA dos cabelos que encontraram sobre a cama no cômodo, eles descobriram que ele possuía similaridade com o meu. Eles também descobriram que quem quer que estivesse vivendo debaixo de mim todo esse tempo tinha parcialmente devorado os corpos no cômodo. 

Ele também me disse que tinha verificado os registros médicos anteriores meus, de meus irmãos e de meus pais, e tinha descoberto que minha mãe tinha, de fato, dado à luz nove filhos, o mais velho deles nascido em 1972, e que tinha sido diagnosticado com uma doença desconhecida que causava várias mutações horríveis. 

Fui presenteado com uma certidão de nascimento da criança mencionada, e quando eu vi o nome dele, de repente eu percebi, e meus joelhos ficaram fracos. 

Nascido 29 de maio de 1972 – DOUGLAS LUCIANI. 

Eu sou o mais novo de nove filhos. 

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Evocando Espíritos

Me chamo Lucas, e o relato que vou contar a vocês aconteceu entre a madrugada e manhã do dia 21 de fevereiro de 2002. Era inicio de ano letivo e estava entrando na 7ª série do colegial. Lembro muito bem da data, pois era o dia do meu aniversário e queria comemora-lo em grande estilo. Só que nunca imaginei que as coisas fossem sair completamente do controle.
 Sempre fui muito popular na escola, tinha muitos amigos e todos queriam andar comigo, estava longe de ser o melhor aluno da classe, mas tirava notas suficientemente boas para não reprovar, fazia questão de me dar bem com todos os funcionários do colégio, talvez como uma maneira de manipula-los e evitar punições severas a deslizes que cometia as vezes, como “matar” aula por exemplo.
 No começo “matava” aulas por pura preguiça, mentia para meus pais que não estava me sentindo bem e ficava em casa dormindo até tarde. Depois de um tempo percebi que faltar aula poderia ser bastante divertido, principalmente depois que conheci Tatiana. Tatiana era de origem Argentina e tinha se mudado para o Brasil ainda pequena. A verdade é que tínhamos uma química tão forte que ela se tornou minha melhor amiga da noite pro dia. Minha mãe a detestava, a olhava como se tivesse olhando para uma barata. O fato dela ter reprovado o último ano do colegial várias vezes, a falta de comprometimento com os estudos e o modo como se vestia também ajudou no julgamento.
  Por sorte ou azar, começamos a estudar na mesma instituição e mal sabia que aquilo iria significar a minha total ruína. Através dela conheci novas pessoas e comecei a entrar em seu universo paralelo, universo por assim dizer, sobrenatural. Tatiana era viciada em histórias de horror, carnificina, tinha fascínio pela morte em suas mais variadas formas e principalmente por suicídios.
  O meu aniversário se aproximava e queria comemorar meus 14 anos de uma forma completamente diferente, inusitada, e minha doce Tatiana surgiu com a ideia de irmos de madrugada para o cemitério “brincar” de evocar espíritos.
 - Meu querido Lucas , meu amor, esse ano iremos festejar seu aniversário na companhia de umas 5 mil pessoas. Disse Tatiana.

- Eu sei que sou popular, todo mundo gosta de mim, mas convidar todo o colégio para minha festa é demais, quero algo bem simples e intimista.


 
- Deixa de ser retardado, vamos comemorar seu aniversário naquele cemitério perto da casa do Mateus, aquele antigo, construído por escravos, e cheio de relatos sobrenaturais.

- Nem pensar, nem pensar, nem pensar. Dizia eu, rindo e achando que se tratava de uma de suas maluquices.

- Estava pensando em reunir sete pessoas, tomar umas cervejas e depois brincar de evocar espíritos com a Tábua Ouija que ganhei do meu irmão, ela está novinha e precisa ser batizada. Mas antes de dizer qualquer coisa lembre- se que apenas sete pessoas podem participar da reunião. E aí, topas?


 - Claro que não, endoidou de vez? Agora sai da minha frente que preciso entrar na sala, afinal de contas alguém precisa estudar por aqui né?
 A principio relutei, chegamos a brigar, ficamos dias sem nos falar e quando faltava pouco mais de dois dias para o meu aniversário a procurei, fizemos as pazes e começos a organizar a lista de convidados. Mas uma coisa ficou martelando diversas vezes na minha cabeça... ‘Por que sete pessoas?’

  O grande dia chegou, Tatiana bateu na porta da minha casa exatamente às 01h da manhã e disse para irmos correndo ao cemitério, pois antes das 03h30 o espírito já tinha que estar entre nós. Como sempre muito esperta, Tatiana não fez de rogada ao se relacionar intimamente com o segurança do cemitério, por puro interesse claro, e assim conseguimos entrar no local da “festa” sem dificuldade alguma.

 Estávamos em sete; Tatiana, Mateus, Nicole, Nicolas, Aline, Gustavo e eu. Apertávamos-nos em cima de uma grande tumba de mármore onde jazia uma família inteira. Mãe, pai e filho. A tumba era bastante conhecida e visitada por se tratar de uma família que foi encontrada morta em 1995. Os corpos foram encontrados dentro do porta-malas de um veiculo. O crime nunca foi desvendado.


No começo da “comemoração” bebemos cerveja, vodka, ouvimos música, e Tatiana parecia estar mais interessada em ficar com o “namorado” na guarita do cemitério do que se divertir conosco. Quando o relógio marcou exatamente 03h da manhã, ela foi a nosso encontro e gritou bem alto dizendo que precisávamos nos preparar que o show iria começar. Eu era o único sóbrio, já estava arrependido e temia o que poderia acontecer, mas continuei, apesar de estar preocupado.

  Tatiana pegou um pincel preto e marcou nossas blusas com um número, ela era o 7.

- Agora vamos nos divertir de verdade! Esbravejava com aspecto de quem tinha surtado.

- Muito bem, agora vou explicar um pouco da brincadeira e vocês irão decidir que rumo tudo isso irá tomar. Certo?

Estava em completo estado de choque, enquanto meus amigos riam e se divertiam, provavelmente por estarem alcoolizados e drogados, eu não conseguia esboçar reação nenhuma, estava paralisado, assistindo tudo aquilo e sentindo que alguma coisa muito ruim iria acontecer.

Tatiana começou a explicar as “regras” jogo:
“Para evocar espíritos do bem devemos rezar 10 Aves Marias e 20 Pais Nossos. Para evocar espíritos do mal devemos rezar 10 Aves Marias, 20 Pais Nossos e dizer sete vezes “Ao mal entrego minha alma”, e para evocar espíritos não humanos, aquelas almas que nunca estiveram em terra na forma humana, é necessário sacrificar um ser humano que você já tenha tido relações sexuais. (Adoro essa parte)” Explicou com um ar demoníaco.


 
Poucos segundos após a macabra explicação de como funcionava o jogo, o segurança do cemitério começou a correr desesperadamente em nossa direção, estava completamente ensanguentado e com um profundo corte na cabeça.


De repente, o pobre diabo caiu no chão e começou a repetir sete vezes “Ao mal entrego a minha alma”. Depois de repetir a frase ele não disse mais nada. Ficou parado por um tempo e depois se levantou completamente desnorteado sem saber o que tinha acontecido.

- O que está acontecendo? O que estou fazendo aqui deitado nesse chão? Que dor horrível é essa que estou sentindo na cabeça?

Talita se aproximou do “companheiro” e disse baixinho no pé do seu ouvido:

- Ao mal eu entrego a sua alma. E cortou sua garganta com um punhal.

 Definitivamente não podia acreditar no que os meus olhos estavam traduzindo. Todos os meus amigos saíram correndo em direção à saída do cemitério temendo que algo acontecesse com suas vidas. Porém, fiquei, criei coragem suficiente para não fugir e enfrentei Tatiana:

- TATIANA, O QUE ESTÁ ACONTECENDO? O QUE VOCÊ FEZ COM ESSE POBRE RAPAZ? TATI, PELO AMOR DE DEUS, O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM VOCÊ? QUEM É VOCÊ?
Enquanto colocava Tatiana na parede ela simplesmente chorava, me abraçou forte e disse que não sabia o que estava acontecendo e que quem estava no seu corpo era outra pessoa.


  Entre lágrimas e desespero, Tatiana começou a falar de forma engraçada, a voz ficou grave, rouca, era como se outra pessoa estivesse falando em seu lugar.

- Tatiana Bracamontes já não habita esse corpo há mais de 10 anos seu idiota, aquela garotinha ridícula que só sabia fazer xixi na cama e comer feito uma porca está sendo estuprada no inferno nesse momento. Eu comi cada pedacinho daquela alma deliciosa!

Depois de presenciar a pior cena da minha vida, perdi a consciência. Foi a última coisa que vi e ouvi naquela madrugada. Acordei na manhã seguinte na cama de um Hospital Psiquiátrico acusado de ter matado o segurança do cemitério com uma punhalada no pescoço.

Com a ajuda das pessoas que estava no cemitério, fui condenado a prisão perpetua por homicídio triplamente qualificado. Também fui condenado por assassinar meus pais horas antes de sair para o cemitério.

Por algum motivo que desconheço, meus melhores amigos disseram para os policiais que eu tinha sido responsável por todas as mortes. Eles nunca tocaram no nome de Tatiana. Nunca tocaram no nome de Tatiana porque Tatiana nunca existiu.


 Ano passado recebi a noticia que eles morreram carbonizados em um acidente de carro e levaram para o túmulo o verdadeiro relato de tudo que tinha acontecido naquela madrugada.
10 anos se passaram. Estou no corredor da morte esperando a data da minha execução ser agendada pela Justiça. Todos os dias antes de dormir, consigo ouvir a voz da minha querida Tatiana me chamando para conhecer o Inferno.